Número especial de HCS-Manguinhos: Histórias transculturais de psicoterapias: novas narrativas


Neste número especial investigamos histórias das psicoterapias. É possível encontrar o termo “psicoterapia” já em meados do século XIX. Médicos advindos de escolas diversas, como Tuke, Bernheim e Van Eeden começaram a utilizá-lo para definir terapias que buscavam o tratamento moral, curar automatismos, persuadir ou produzir catarse, afetando o corpo, a mente e o subconsciente. No início do século XX, a palavra ganhou maior espaço de circulação, sendo adotada por autores como Dubois, Janet, Forel, Jaspers e Jung, que passaram a buscar afetar comportamentos e o inconsciente. O termo ganhou ainda maior notoriedade e diversidade no pós-Segunda Guerra Mundial, passando a ser adotado por autores de referência psicanalítica, do gestaltismo, da escola existencial e mesmo por autores provenientes de referenciais cognitivo-comportamentais. No mundo contemporâneo, e apesar da falta de consenso sobre o seu significado, as psicoterapias ganharam um papel ainda mais central para as definições dos sujeitos, impactando os conceitos de sofrimento e de bem-estar psicológico e a ideia de identidade, sendo possível afirmar que conformamos hoje culturas e sociedades psicoterápicas.


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In this special issue, we investigate histories of psychotherapies. The term “psychotherapy” has been used since the mid-nineteenth century. Medical doctors from several schools, like Tuke, Bernheim and Van Eeden, started to use it to define therapies that sought moral treatment, cure of automatism, persuading or producing catharsis, affecting body, mind and unconscious. In the early twentieth century, the word reached broader circulation and was adopted by authors as Dubois, Janet, Forel, Jaspers and Jung, who sought to affect behaviors and the unconscious. The term gained wider prominence and diversity in the post-Second World War, being adopted by authors of psychoanalytic reference, Gestalt therapy, existential school and even authors from cognitive-behavioral referential. In the contemporary world, despite the lack of consensus about its meaning, psychotherapies gained an even more central role for the definition of subjects, having an impact on the concept of psychological suffering and wellbeing and the idea of identity; it is possible to state that today we are psychotherapeutic cultures and societies.